16 de janeiro de 2024 Tratamento

Transplante de medula óssea também acontece por convênio no HAJ

O Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ) é referência na região Centro-Oeste na realização de transplantes de medula óssea pelo…

O Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ) é referência na região Centro-Oeste na realização de transplantes de medula óssea pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas também realiza o tratamento através de convênios com Ipasgo, Unimed e de forma particular.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 1,6 mil novos pacientes são cadastrados por ano e, atualmente, há 798 pacientes em busca de um doador não familiar no Brasil. No País, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o responsável pelo Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), que responde pelos números de transplante com doador não aparentado, ou seja, um transplante alogênico, que é aquele no qual as células precursoras da medula provêm de outra pessoa (o doador), de acordo com a compatibilidade do material sanguíneo.

São pessoas que esperam encontrar alguém compatível na esperança de luta pela cura e vida já que o transplante tem como objetivo a reconstituição de uma nova medula saudável. Outro tipo de transplante existente é o autólogo onde as células precursoras da medula óssea provêm do próprio indivíduo transplantado (o receptor). Foi isso que aconteceu com o funcionário público estadual de Firminópolis (GO), Dacio Xavier de Barcelos, paciente do Araújo Jorge, já que há três meses ele realizou o transplante de medula óssea na instituição. “No ano passado fiz alguns exames na minha região e me sugeriram procurar um hematologista. Fui indicado para o Araújo Jorge onde realizei a consulta e o transplante de medula óssea pelo Ipasgo”, contou o paciente.

Recebendo um tratamento completo com acompanhamento feito por uma equipe multiprofissional nas áreas de psicologia, enfermagem, assistência social, fonoaudiologia, odontologia, fisioterapia, Barcelos realizou os primeiros procedimentos no HAJ. “Passei por seis ciclos de quimioterapia e me chamaram rapidamente para o transplante. Posso salientar que fui muito bem tratado pela equipe médica. Não esperava receber o tratamento que tive no Araújo Jorge”, explicou. Sobre os planos para o futuro, ele acredita que mesmo não sendo fácil, está com uma nova vida.

“Quero viver a vida de um jeito diferente. A gente ganha uma nova vida a partir do transplante e muitas coisas mudam. Espero mudar para melhor”, ressaltou Dacio Xavier.

Vidas para a sociedade

A história do setor de Divisão de Transplante de Medula Óssea da entidade teve seu início nos anos 2000 e até o ano passado já computou 914 procedimentos realizados. Melhorias foram feitas como a assistência especializada, integral e através da campanha “Tempo é Vida”, que completou um ano, em outubro de 2023, onde foi possível reformar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), cuja ampliação foi realizada pela entrega de dois novos leitos destinados ao setor de transplante.

Essa implementação foi viabilizada através do projeto da Destinação Articulada de Acordos do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) chamado DAAMP, que destinou recursos de acordos judiciais e extrajudiciais firmados por promotoras e promotores de Justiça. Contribuições também vieram do Ministério Público Federal (MPF) e Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).

Após a retomada do transplante na unidade diante dessa reestruturação completa do Serviço de Onco-hematologia do HAJ, o Hospital se reaproximou do Ipasgo apostando em conceituar ainda mais sua referência no Centro-Oeste em realizar transplantes.

O presidente da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), Dr. Jales Benevides informou que em 2022 foram devolvidas para a sociedade 29 vidas através do transplante de medula óssea. No período de janeiro a dezembro de 2023 foram realizados no HAJ, 35 transplantes sendo 25 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nove (9) por convênio e um (1) de modo particular.

Terapia de consolidação

A médica hematologista especialista em transplante de medula óssea, Dra. Marina Tayla Mesquita Aguiar, que faz parte da equipe que atendeu Dacio, explica que existe uma fila em todo lugar do Brasil pelo transplante. “É um tratamento complexo, caro e não tem em qualquer cidade. Nós mesmos atendemos pessoas de Goiás, Mato Grosso. E existem critérios para que o transplante seja agilizado como a gravidade da doença e a ordem de chegada na fila”, destacou.

Dra. Marina salienta que a leucemia é mais grave do que linfoma ou mieloma, e é o primeiro a transplantar. “Para acontecer o transplante há uma exigência de uma equipe multiprofissional. O critério de necessidade para que a doença seja curada também. Nas doenças hematológicas nós fazemos o transplante de medula óssea que conferem alto risco, chance de recaída, recidiva pós o tratamento quimioterápico”, disse. Ela ainda explica que o paciente faz todo o tratamento de quimioterapia. “No caso do Dacio foram seis ciclos. Fizemos o transplante como uma terapia de consolidação para que ele fique bem, em remissão”, apontou Dra. Marina.

Ao citar sobre o transplante autólogo, a médica explica que ele vem da própria medula. “Há uma coleta das células tronco, e o paciente interna para o transplante. Após isso é realizada uma quimioterapia intensa que vai destruir todas as células do sangue e a medula óssea do paciente. Porque será preciso infundir no paciente as células colhidas. Então é uma forma de acabar com as células do linfoma ou da leucemia que tiver ficado vestígio. Dentro de 15 dias, vão começar a produzir sangue novamente e repovoar a medula óssea e gerar novas células sanguíneas de maneira saudável que é como queremos que o paciente fique”, finalizou.



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