Que a luta contra o câncer é uma das mais desafiadoras na medicina, todo paciente sabe. No entanto,foi uma surpresa – até mesmo para a Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) – o resultado da pesquisa Percepções da População Brasileira sobre o Câncer, feita, recentemente, pelo Instituto Oncoguia com o apoio da DataFolha. Segundo o levantamento, para 63% dos brasileiros a doença oncológica é questão de saúde pública e deve ser tratada como prioridade pelo Governo.
Reforçando a preocupação, quando questionados sobre o que vem à mente diante da palavra câncer, 42% dos entrevistados relataram sentimentos negativos, com muitas menções à palavra morte. Termos como “doença”, “dor”, “medo”, “tristeza” e “sofrimento” foram outras que aparecem com maior frequência. Além disso, as menções a “tratamento” e “cura” foram feitas por apenas 14% e 9% dos entrevistados,
Segundo o presidente da ACCG, Dr. Jales Benevides Santana Filho, para quem está de fora, pode parecer óbvio que uma doença tão estigmatizada seja colocada como prioridade, mas para quem vive o dia-a-dia da batalha contra o câncer – seja como paciente ou como integrante da linha de frente – não é bem assim. Segundo ele, na prática, ainda é um desafio gigantesco conseguir atuar com igual desempenho em todas as fases do tratamento, ampliando a atenção para os aspectos sociais sem descuidar da técnica.
“Sendo assim, é, no mínimo, positivo que a população enxergue a luta contra o câncer como uma batalha digna de mais atenção. O que a ACCG quer é que iniciativas como a pesquisa se multipliquem e que o debate inclua os principais gargalos no acesso ao diagnóstico precoce, além de caminhos para mudar a imagem de uma doença que tem cura sim, basta popularizarmos a importância da prevenção e do diagnóstico precoce”, opina.
Familiaridade
A pesquisa da DataFolha revelou ainda que o câncer está cada vez mais próximo da população. Os resultados apontaram que 8 em cada 10 brasileiros já tiveram algum conhecido com a doença e que 4 em cada 10 já tiveram ou têm algum familiar com câncer. Entre os entrevistados, 5% declararam viver com a doença.
Ao todo, foram ouvidas 2.099 pessoas em 151 municípios brasileiros. O estudo apresenta nível de confiança de 95%, com margem de erro de 2 pontos percentuais (para mais ou para menos).