Com o objetivo de fortalecer a segurança do paciente e aprimorar os processos assistenciais, diversas instituições de saúde vêm adotando tecnologias que permitem monitorar todo o ciclo dos medicamentos – desde a dispensação até a administração dos mesmos. No final de abril, o Araújo Jorge – Hospital de Câncer deu mais um passo importante nessa direção com o empenho de 50 profissionais da instituição que se mobilizaram para a implementação do sistema de rastreabilidade de medicamentos.
A iniciativa busca garantir maior controle, transparência e precisão no uso de medicamentos, reforçando o compromisso do hospital com a qualidade no atendimento e a segurança dos pacientes. Na liderança das atividades estava a Gerência de Suprimentos, em parceria com o Serviço de Tecnologia da Informação da unidade de saúde.
A gerente de Suprimentos do Araújo Jorge, Patrícia Fausta, explicou que a rastreabilidade de medicamentos é importante e serve como controle do insumo. “Desde a chegada do medicamento ao Departamento de Almoxarifado conseguimos rastrear até o paciente. Saberemos qual o fornecedor realizou a entrega, o número da nota fiscal, o medicamento fracionado, o nome do farmacêutico responsável por esse fracionamento, a manipulação, a entrega e a infusão da medicação no paciente”, afirmou.
Durante três meses, os colaboradores participaram de reuniões e treinamentos para que a ação que estava planejada acontecesse. “O Departamento de Almoxarifado foi impactado 100% porque foi necessário etiquetar todos os medicamentos, a fim de inventariar no sistema. Os medicamentos codificados estarão no sistema com os códigos permitindo a rastreabilidade”, disse a gerente.
O coordenador do Departamento de Almoxarifado da instituição, Paulo Sérgio Manso, destacou a importância da ação para o Araújo Jorge. “A implantação da rastreabilidade representa um grande marco na segurança do paciente. Em julho de 2024, iniciamos esse processo com os medicamentos antineoplásicos, que correspondem a cerca de 30% do nosso estoque. Todos esses itens foram retirados do sistema por meio de inventário e reinseridos já com a rastreabilidade e controle por código de barras. Agora, com essa nova etapa, estamos ampliando o processo para 100% dos medicamentos, totalizando mais de 300 itens. Essa iniciativa está alinhada ao planejamento estratégico da nossa Gerência de Suprimentos e reforça nosso compromisso com a qualidade e segurança na assistência”, explicou.
Para Manso, o processo de rastreabilidade abrange todas as etapas do ciclo do medicamento – desde a fabricação até o momento em que é administrado ao paciente. “Hoje, toda a cadeia medicamentosa passa a ser rastreada. Estamos confiantes, pois capacitamos nossas equipes e contamos com o apoio dos setores estratégicos, como a Tecnologia da Informação. Tudo foi pensado para garantir mais qualidade, segurança e bem-estar ao paciente. É muito gratificante fazer parte de uma instituição em que sabemos que o paciente está sendo bem assistido também nesse aspecto. Com a rastreabilidade, teremos mais dados disponíveis, o que contribuirá significativamente para uma tomada de decisão mais ágil e assertiva”, ressaltou.
Benefícios da rastreabilidade
Um dos principais benefícios da ação é a segurança do paciente. Patrícia ainda citou outros benefícios significativos, como o controle do estoque, evitar perdas e prejuízos financeiros. O vice-presidente do Conselho de Administração do Araújo Jorge, Dr. Paulo Moacir de Oliveira Campoli, inaugurou o movimento no Setor de Endoscopia e ressaltou a importância dos colaboradores na ação.
“A rastreabilidade é mais um passo importante que nós damos no Hospital visando tornar os processos mais claros e definidos. Com essa implementação, o aspecto essencial é trazer segurança ao paciente desse procedimento que está sendo feito. É fundamental prestigiar todo o trabalho que vem sendo desenvolvido pelos nossos colaboradores, participar e oferecer o apoio necessário”, contou.
A supervisora da Farmácia Central e Clínica do Araújo Jorge, Priscila Ramos Freitas Ribeiro destacou que a implementação do processo é complexa e visa garantir o atendimento dos pacientes como prioridade. “Fizemos um planejamento em que foram realizadas várias ações, dentre elas foi organizado para que os médicos adiantassem as prescrições dos pacientes. Assim, poderíamos garantir a montagem dos kits em tempo hábil, atendendo as necessidades do paciente e posteriormente seguir com o processo de inventário para a rastreabilidade”, explicou.
Foram trabalhadas quatro frentes de medicamentos: os antimicrobianos, medicamentos gerais, psicoativos e eletrólitos. “Todo e qualquer local que tenha medicamento, faremos a rastreabilidade no hospital, os 28 carrinhos de emergência, assim como os demais setores que atendemos como o de Endoscopia e Radiologia. Organizamos em grupos sempre com o suporte da Tecnologia da Informação e um profissional da Farmácia para execução do inventário com maior precisão possível”, destacou Priscila.
A rastreabilidade representa uma maior segurança ao paciente e profissionais no que se refere aos medicamentos utilizados, contribuindo pelo controle de produção e logística, bem como facilitar os fluxos e a manutenção dos padrões regulatórios. Segundo Priscila, ela permite saber de onde veio o medicamento, quem o administrou, se entrou no horário correto, entender todo o processo desde a fabricação do medicamento e a detecção da reação adversa do medicamento”, citou.
Os rastreamentos evitam extravios, permitem o controle do estoque e trazem economia para o Araújo Jorge porque de acordo com a supervisora da Farmácia, a partir dessa assertividade do processo conseguirão visualizar no sistema o controle de validade da medicação evitando perdas.
Planejamento da nova rotina
Para Priscila, os desafios foram de conscientizar sobre a importância da rastreabilidade, e assim conseguir apoio das equipes, além das várias reuniões para discutir as ações antes, durante e após o inventário. “Estou muito feliz por fazer parte desse processo, já vesti a camisa da instituição e é fundamental contribuir com o paciente. Toda e qualquer função, mesmo que não esteja na assistência direta ao paciente, é gratificante porque estamos fazendo algo na ponta e sabemos que o paciente será muito bem assistido”, disse.
A coordenadora da Tecnologia da Informação (TI) do Araújo Jorge, Priscila Maciel Bezerra disse que a partir do momento que é decidido realizar o controle da rastreabilidade é preciso zerar todos os estoques, parametrizar no controle por lote, inventariar todos os medicamentos por cada etiqueta gerada e nota fiscal de entrada que foi feita desses insumos. “A rastreabilidade é criada e cada vez que é dispensada a medicação para cada paciente, a etiqueta é bipada e com ela segue o rastreio com a inspeção da nota fiscal. Saberemos sobre o lote, as informações imputadas inicialmente e tudo será rastreado”, complementou.
Ela ainda explica que, a partir da entrada da nota fiscal do item, é possível gerar um código. “Quando a medicação é bipada pelo código de barras, sabemos exatamente qual é o item porque está vinculado ao sistema”, disse.
Próximas ações
Conforme a gerente de Suprimentos, Patrícia Fausta, os próximos passos são a implementação do processo de dispensação dos kits, a diluição de todos os medicamentos com o trabalho da Enfermagem pela infusão e manipuladas na Farmácia durante 24 horas no hospital, a entrega de kits a cada 12 horas, além da padronização do protocolo de aprazamento.
