11 de fevereiro de 2025 Sem categoria

Araújo Jorge realiza pela primeira vez microcirurgia para reconstrução de língua em paciente do SUS

O Araújo Jorge – Hospital de Câncer realizou, pela primeira vez, uma microcirurgia para reconstrução de língua em um paciente…

O Araújo Jorge – Hospital de Câncer realizou, pela primeira vez, uma microcirurgia para reconstrução de língua em um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento envolveu a remoção da maior parte da língua e a reconstrução com tecido do antebraço da paciente. A microcirurgia foi conduzida por uma equipe multidisciplinar, composta pela cirurgiã de Cabeça e Pescoço Glenda Borges e pela cirurgiã plástica Andrea Pimentel, com o apoio dos residentes do Serviço de Cabeça e Pescoço, João Elias Godoi e Bianca Barbosa.

A operação, que durou 11 horas, foi realizada em duas etapas. Na primeira, a paciente passou por uma glossectomia quase total – remoção da maior parte da língua –, associada ao esvaziamento cervical, necessário para retirar linfonodos comprometidos.

Na segunda fase, a equipe realizou a reconstrução por meio de um enxerto microcirúrgico. Para isso, foi retirado tecido do antebraço da paciente e implantado na cavidade oral, utilizando a técnica de anastomose, que conecta vasos sanguíneos para garantir a irrigação do novo tecido. Devido à complexidade do procedimento, foi utilizado um microscópio cirúrgico, permitindo maior precisão na reconstrução.

“A microcirurgia é essencial para garantir que o enxerto se integre ao local e cumpra sua função de forma eficaz”, explica Andrea. Segundo a especialista, a técnica representa um avanço na reconstrução de tecidos comprometidos por tumores extensos, proporcionando melhor recuperação funcional e estética aos pacientes.

A cirurgiã Glenda Borges ressalta que o tratamento do câncer de boca é essencialmente cirúrgico, exigindo a remoção completa da lesão com margens livres para evitar recidivas. Além disso, a retirada dos linfonodos cervicais é fundamental, pois esses pequenos gânglios linfáticos podem abrigar células cancerígenas. “Nosso principal objetivo é a cura do paciente, garantindo que ele tenha qualidade de vida a longo prazo”, enfatiza.

Perfil da paciente
A paciente, com câncer de boca avançado, já havia passado por uma cirurgia em outra instituição. No entanto, a doença evoluiu rapidamente, tornando necessária uma abordagem cirúrgica mais complexa para a remoção do tumor e reconstrução da língua.

De acordo com Glenda, o caso chama atenção pelo perfil incomum da paciente, uma vez que o câncer de boca é mais frequente em pessoas acima de 50 anos, especialmente aquelas com histórico de tabagismo, consumo excessivo de álcool ou exposição ao Papilomavírus Humano (HPV). “No caso dessa paciente, acreditamos que o câncer pode estar relacionado a um fator genético”, afirma.

Desafios e expectativas no pós-operatório
A reabilitação da paciente será um processo desafiador. Nos primeiros 30 dias, ela precisará de sonda alimentar e traqueostomia para auxiliar na respiração. A partir do 20º dia, iniciará terapias com fonoaudiólogo e fisioterapeuta para readquirir funções motoras básicas, como a deglutição. “Nossa expectativa é que ela consiga se recuperar bem e retomar algumas funções, ainda que com limitações”, explica Glenda Borges.

Embora a reconstrução preencha o espaço deixado pela língua removida, o enxerto não possui mobilidade nem sensibilidade natural. Isso significa que, mesmo com um resultado bem-sucedido, a paciente enfrentará desafios na fala e na mastigação. “A cirurgia foi um sucesso, mas os próximos dias são cruciais para o prognóstico, pois precisamos monitorar a vascularização do enxerto e evitar complicações, como trombose dos vasos”, destaca Andrea Pimentel.

A cirurgiã plástica ressalta que a microcirurgia realizada no Araújo Jorge representa um avanço significativo para a medicina pública em Goiás. “Procedimentos desse nível costumam ser realizados apenas em hospitais privados ou instituições de referência internacional. Estamos conseguindo oferecer aos pacientes do SUS o que há de mais avançado em cirurgia reconstrutora, garantindo a eles dignidade e qualidade de vida”, afirma Andrea.

A microcirurgia de reconstrução de língua é indicada para pacientes jovens e em boas condições de saúde, pois exige um período extenso de reabilitação.

Importância da prevenção e diagnóstico precoce
O câncer de boca é um dos tumores mais agressivos, mas possui altas chances de cura quando diagnosticado precocemente. A prevenção está diretamente ligada à redução dos principais fatores de risco, como tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV).

É essencial que a população esteja atenta a sinais suspeitos, como feridas na boca que não cicatrizam em 20 dias, sangramentos inexplicáveis, dor persistente e presença de nódulos no pescoço. “Uma ferida que não cicatriza deve ser avaliada por um dentista ou médico. Diagnosticar o câncer de boca no estágio inicial aumenta as chances de cura para até 80%”, reforça Glenda.

Nos casos mais avançados, quando o tumor já se disseminou para os linfonodos, as chances de cura diminuem significativamente, tornando o tratamento mais agressivo e invasivo. Por isso, a conscientização sobre o autoexame da boca e a busca rápida por atendimento são fundamentais.



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