7 de outubro de 2025 Capacitação

IEP realiza a 3ª edição do curso de Educação Continuada em câncer de boca

Nos dias 03 e 04 de outubro, o Araújo Jorge – Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) promoveu mais uma…

Nos dias 03 e 04 de outubro, o Araújo Jorge – Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) promoveu mais uma edição do curso de Educação Continuada em câncer de boca, no auditório do Centro Médico Ambulatorial (CMA). Voltado a profissionais e acadêmicos da área, o evento teve como abordagem o tratamento aos pacientes com câncer de boca.

Segundo a cirurgiã-dentista e coordenadora do curso, Dra. Marília Oliveira Morais, o objetivo do encontro foi proporcionar aprendizado técnico, compartilhamento de experiências e o desenvolvimento de uma maior segurança no atendimento a pacientes oncológicos, principalmente os acometidos na região de cabeça e pescoço.

“Esperamos que os participantes adquiram conhecimento, compartilhem suas vivências e se sintam preparados para oferecer um atendimento mais qualificado aos pacientes com câncer. O curso aborda temas essenciais de tratamento, que incluem radioterapia, quimioterapia e os cuidados essenciais após esses procedimentos. Nosso desejo é que todos possam se aprofundar nesse tipo de cuidado”, destacou.

O curso também contou com a participação de uma equipe de cirurgiões-dentistas convidados, como a Dra. Angélica Ferreira Oton Leite, Dr. Bruno Miranda Silva Lima, Dr. Carlos Henrique Pereira e Dr. João Victor Melo Barboza, que enriqueceram as discussões com suas práticas clínicas.

Incidência da doença

No primeiro dia de evento, o chefe do Serviço de Cabeça e Pescoço, Dr. José Carlos de Oliveira, ministrou a aula “Epidemiologia do câncer de boca”, abordando a incidência, mortalidade e taxa de sobrevida da doença.  Segundo o médico, o câncer de boca tem maior incidência entre homens, brancos e com idade a partir de 50 anos. “A epidemiologia permite rastrear melhor as doenças na população e auxilia na definição da incidência, prevalência, mortalidade, sobrevida e estudos epidemiológicos”, afirmou.

“Costumo dizer que, para diagnosticar, basta abrir a boca. A frequente ocorrência do câncer de boca e orofaringe e a alta mortalidade dessa neoplasia no Brasil configuram uma questão de saúde pública”, relatou. No entanto, muitos casos ainda são identificados em estágio avançado, reduzindo drasticamente as chances de cura”, ressaltou o médico. Entre os principais fatores de risco relatados pelo médico estão o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, a má higiene bucal, o uso prolongado de próteses mal adaptadas, dentes em más condições e infecção pelo vírus HPV.

“O risco é muito maior em pessoas que bebem e fumam. Outro alerta é o uso de próteses por mais de 12 anos, quando o ideal seria trocá-las a cada seis”, disse Oliveira.

Em contrapartida, o médico reforçou sobre os fatores de proteção como manter uma alimentação saudável e melhores condições de trabalho para quem está exposto a substâncias como amianto e carvão. “A prevenção passa por hábitos saudáveis e também por políticas públicas que reduzam os riscos nos ambientes de trabalho”, explicou.

Os números mostram um contraste marcante entre o diagnóstico precoce e o tardio. Pacientes que descobrem a doença no início têm até 90% de chance de cura. Já aqueles com lesões avançadas têm chances de recuperação entre 40% e 50%, além de enfrentarem tratamentos mais longos e caros. “Em média, o custo de um tratamento avançado pode chegar a R$ 159 mil”, detalhou.

Atualmente, cerca de 95% dos casos são tratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), reforçando a importância de investimentos em prevenção e diagnóstico precoce. “O sistema de saúde precisa focar cada vez mais na prevenção e diagnóstico antecipado. Com isso, estaremos oferecendo mais qualidade de vida e aumentando significativamente as chances de cura”, concluiu Oliveira.

Diagnóstico precoce

Em um segundo momento, o diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP), Dr. Elismauro Francisco de Mendonça, apresentou a missão do hospital no atendimento ao paciente, o suporte da equipe e a busca pelo êxito no tratamento. “O dentista precisa avaliar o assoalho da boca, a língua, a borda lateral, não somente os dentes”, afirmou. Segundo o diretor, a saúde começa pela boca, e a prevenção é fundamental. “O grande desafio no Estado de Goiás é implantar um sistema de prevenção efetivo, com regulação adequada no sistema, acesso aos centros de alta complexidade oncológica e repasses financeiros do município para a assistência. O ideal é diagnosticar lesões em seus estágios iniciais, porque, quando se trata de cirurgia, há uma boa chance de cura”, destacou.

Mendonça também abordou os principais tipos de câncer na cavidade oral, os tratamentos disponíveis e o papel do cirurgião-dentista. “O objetivo é garantir qualidade de vida. Para isso, existe o preparo odontológico do paciente para as terapias adjuvantes, bem como a reabilitação funcional e estética. O cirurgião-dentista é o profissional com maior capacidade, habilidade e competência para diagnosticar uma lesão na cavidade oral”, afirmou. Ao final da apresentação, o diretor esclareceu dúvidas dos participantes.

Conhecimento

Uma das participantes do curso veio de Uberlândia (MG), a estudante Thalita Moraes, da Unitri – Centro Universitário do Triângulo. Ela percorreu a distância até Goiânia visando aprofundar seus conhecimentos. “Concluo minha graduação no final do ano e fiquei sabendo do curso por meio de uma estomatologista que sigo no Instagram. Gosto muito dessa área, por isso decidi vir para participar do curso. O cirurgião-dentista precisa conhecer e entender sobre o câncer de boca, que infelizmente tem avançado bastante. Pretendo fazer residência em Estomatologia”, ressaltou.

No segundo dia do evento, pela manhã, os participantes puderam acompanhar as aulas sobre os tratamentos oncológicos. Na programação estava o oncologista clínico, Dr. Diego Machado Mendanha que frisou os eventos adversos orais causados pela quimioterapia em pacientes com câncer. Em seguida, o médico radio-oncologista, Dr. Thomas Eric Santos falou sobre os impactos da radioterapia e os eventos adversos em pacientes com câncer na região de cabeça e pescoço. Finalizando o curso, estava o cirurgião-dentista, Dr. Victor Hugo Lopes Oliveira Moreira que tratou dos temas osteorradionecrose e osteoquimionecrose em pacientes oncológicos.

Fotos: Gustavo Utida e Matheus Vitorino



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