O Araújo Jorge – Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) deu início, na última semana, ao curso de formação para tutores e preceptores. O curso, realizado por meio de parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), tem como principal objetivo fazer com que os profissionais exerçam de forma cada vez mais eficiente as funções clínicas, e administrativas no acompanhamento de residentes na instituição.
A primeira aula foi conduzida pela professora da UFG, Heliny Carneiro Neves. Neste primeiro módulo, o tema abordado foi “Avaliação do ensino e da aprendizagem: papel do tutor e do preceptor”. “O curso representa a realização de um sonho e marca o início de uma nova fase para a instituição”, afirmou a supervisora administrativa do IEP, Marta Maria Dias dos Santos.
De acordo com a professora, a residência multiprofissional em saúde é uma das estratégias de formação profissional na consolidação da política de educação em saúde para o Sistema Único de Saúde (SUS). “O exercício da preceptoria e da tutoria exige dos profissionais uma postura de educação permanente, além do desenvolvimento de estratégias didático-pedagógicas que contribuam para a aprendizagem dos residentes. A tutoria é uma atividade de orientação acadêmica, voltada tanto aos preceptores quanto aos residentes, e se caracteriza como um núcleo de campo voltado ao desenvolvimento de reflexões. Já a preceptoria envolve a supervisão direta das atividades práticas realizadas pelos residentes nos serviços de saúde”, explicou.
Ao compartilhar sua vivência, a supervisora de Enfermagem do Setor de Radioterapia do Araújo Jorge, Natalia Regina dos Santos Soares, ressaltou sua admiração pelo processo de ensino e aprendizagem. “É uma experiência ótima, porque você está formando outra pessoa com o conhecimento que adquiriu. Cada aluno é diferente, e isso exige que a gente se adapte, o que acaba proporcionando muita experiência”, relatou.
Trilhas formativas
Durante o curso, as trilhas formativas servirão para orientar os participantes no desenvolvimento de conhecimentos teóricos relacionados à tutoria, à construção de competências, à motivação para atuar como tutor em atividades educacionais, bem como ao aprimoramento da prática pedagógica. Os participantes também vivenciarão situações práticas vinculadas ao exercício da tutoria, promovendo o compartilhamento e a aplicação dos conhecimentos adquiridos.
“A tutoria surgiu no século XV como método utilizado nas universidades, com foco na orientação religiosa, tendo como objetivo evangelizar e desenvolver a conduta moral. No século XX, o tutor assumiu o papel de orientador e acompanhante dos trabalhos acadêmicos, incorporado com este sentido aos programas de educação mediada por tecnologias”, explicou a professora.
Além disso, o tutor é responsável por sugerir atividades e materiais complementares que enriqueçam o conteúdo, facilitar a compreensão dos alunos, dar feedbacks e monitorar o desempenho acadêmico, com informações disponíveis sobre o curso.
“Quem fará a articulação com o preceptor será o tutor de núcleo do profissional. Ele será o responsável por definir quais atividades o residente realizará na atenção primária e como ele será orientado durante os rodízios, com foco no aproveitamento formativo. É um processo bastante complexo, mas, ao conseguirmos discriminar essas atividades e avançar para outras de maior complexidade, exemplo, de R1 para R2, conseguiremos promover uma formação de maior qualidade para esse residente”, destacou Heliny.
Atenção ao câncer
Segundo Heliny, cada residente possui seu próprio ritmo de desenvolvimento no processo de aprendizagem. “Esperamos pró-atividade, e o residente deve atuar como parceiro da equipe. É fundamental ser assertivo na comunicação com o mesmo, deixando claro o que se espera de sua atuação. O residente precisa demonstrar compromisso, ética, responsabilidade e alinhamento com os valores da instituição. Essa é uma relação de troca e capacitação, que se fortalece na interação multiprofissional e na discussão de casos clínicos com base em um plano de cuidados”, explicou.
Para a professora, é essencial que o residente compreenda o fluxo de atendimento e as etapas pelas quais o paciente passou, principalmente no contexto da atenção primária. Além disso, deve desenvolver competências como liderança e relacionamento interpessoal.
“Vamos pensar, por exemplo, na Unidade de Terapia Intensiva, na área de concentração do programa de atenção ao câncer. Preciso detalhar para o residente de Enfermagem, que ficará nesse setor por dois meses, quais atividades ele deve realizar para alcançar os objetivos definidos no projeto pedagógico do curso. É necessário planejar a evolução da formação desse residente, desde o conhecimento da equipe em que irá atuar, o local e o processo de adaptação. Ao final dele, é esperado que ele desenvolva atitudes e habilidades que serão avaliadas com base nas atividades realizadas e propostas entregues”, complementou Heliny.




