Visando discutir os desafios do câncer como uma responsabilidade coletiva, foi realizado em Goiânia, na última quarta-feira (21/05), o Fórum Itinerante Oncoguia: Câncer, um problema de todos – Edição Centro-Oeste, no auditório do Hotel Transamérica Collection. O evento teve como proposta reunir diferentes profissionais da área da saúde para debater soluções aos desafios enfrentados por pacientes oncológicos nas cinco regiões do Brasil. Além disso, buscou informar sobre as principais novidades da oncologia, promover debates sobre o acesso ao cuidado integral e propor ações concretas para minimizar os obstáculos enfrentados por quem vive com a doença.
Ao longo do dia, foram discutidos temas fundamentais para a oncologia, com destaque para o cenário atual da implementação da Nova Política de Controle do Câncer, o Programa Mais Acesso aos Especialistas (PMAE) e a promoção da equidade no sistema de saúde. O objetivo foi sensibilizar gestores hospitalares, autoridades locais, organizações da sociedade civil, profissionais da saúde, jornalistas e pacientes sobre a importância do cuidado oncológico contínuo, a partir de experiências na área.
Na programação, o Araújo Jorge – Hospital de Câncer teve participação de destaque. O diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP), Dr. Elismauro Francisco Mendonça, apresentou a trajetória da instituição e os principais desafios enfrentados no acesso ao tratamento. “O atendimento tem esbarrado na regulação do Sistema Único de Saúde, especialmente em Goiás. Esse é o principal entrave para o paciente ter acesso ao tratamento oncológico, principalmente no que diz respeito à realização de exames complementares e à autorização de cirurgias, que dependem diretamente da atuação dos municípios”, afirmou o diretor.
Segundo Elismauro, esse é um dos desafios enfrentados diariamente pela instituição. “Temos capacidade de atendimento, com uma equipe especializada, qualificada e preparada. Dispomos de tratamento oncológico completo, mas é essencial uma melhor integração com os gestores municipais, com foco na qualificação da atenção primária à saúde”, completou.
Missões do Araújo Jorge
Em sua apresentação, o diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa também destacou que o que constitui o Araújo Jorge é a união de esforços em prol da vida, por meio da oferta de um tratamento integral ao paciente oncológico. Dr. Elismauro Mendonça lembrou, ainda, que além da missão assistencial, a instituição também cumpre um papel essencial na formação de especialistas.
“O Araújo Jorge conta com mais de 1.300 colaboradores e se destaca pela multidisciplinaridade dos profissionais atuantes. Entre os principais desafios estão a ineficiência do sistema de prevenção, os entraves na regulação pelo SUS e os repasses financeiros dos municípios para a assistência”, explicou.
O diretor também parabenizou a atuação do Governo Federal pela atenção dada ao paciente oncológico e pela criação de políticas públicas específicas para a área. “Essas ações são extremamente bem-vindas, mas é fundamental que sejam regulamentadas em tempo hábil e efetivamente implementadas. O Araújo Jorge, por exemplo, possui o Grupo de Apoio ao Paciente Paliativo (Gappo) que atua há mais de 30 anos, sendo um dos pioneiros no Brasil nesse tipo de atendimento. Quanto mais políticas voltadas para o cuidado oncológico, mais resultados positivos teremos”, frisou.
No entanto, ele alertou que outras dificuldades ainda persistem, especialmente relacionadas à infraestrutura física necessária para atender à crescente demanda. “Essas questões passam pelos repasses federais e municipais, que nem sempre chegam no prazo ideal ou com os recursos suficientes para garantir um atendimento adequado à população goiana”, concluiu.
Parcerias de sucesso
A gerente de Relações Institucionais do Araújo Jorge, Deuba Assunção, ressaltou que a manutenção da unidade depende do apoio da sociedade. “O Araújo Jorge trabalha para o povo goiano. Apresentar esses cases de sucesso, como a parceria firmada em 2022 com o Ministério Público do Estado de Goiás, que possibilitou a reestruturação do serviço de Transplante de Medula Óssea, ampliando de quatro para seis leitos, é fundamental. A segunda etapa será inaugurada no final de maio, com mais 10 novos leitos voltados para a Unidade de Terapia Intensiva , porque sabemos que o grande gargalo da oncologia e da saúde pública está na disponibilidade de UTIs”, destacou.
Para Deuba, dar visibilidade à causa é essencial. “Falar sobre a causa é dar voz a ela. O Araújo Jorge é uma instituição fundamental para o Estado e para a oncologia. Em julho, também teremos o Risoto Solidário, um evento que proporcionará uma experiência gastronômica e musical em prol da mobilização social e arrecadação de recursos para melhorar o atendimento prestado. Também realizamos o Leilão do Bem desde 2015, uma iniciativa voltada ao fortalecimento da instituição por meio de investimentos e aquisição de novas tecnologias”.
A gerente de Relações Institucionais destacou a importância do engajamento contínuo da sociedade, mostrando que os desafios enfrentados são diários. “Sentimos na pele a dor do paciente que encontramos. Por isso, mantemos o trabalho ativo também no interior do estado, promovendo os leilões que ajudam a sustentar essa causa tão necessária”, concluiu.
Câncer, um problema de todos
As edições do Fórum Itinerante vão passar por cinco capitais brasileiras, incluindo Natal, Belém, Rio de Janeiro, Florianópolis, com encerramento em Brasília. O evento em Goiânia abordou a regionalização, assim como focou em duas prioridades: agilizar o diagnóstico precoce e garantir o acesso ágil e efetivo ao tratamento integral.
Debater e engajar por meio do Fórum de discussões sobre a realidade e desafios regionais e locais, com foco em diagnósticos precoces e cumprimento da Lei dos 30 e 60 dias, também foram os objetivos do Fórum, que, assim como o Oncoguia, tem o propósito de trabalhar em prol de um cenário oncológico mais justo, acessível e digno.
Na parte inicial da tarde, os palestrantes evidenciaram os desafios para garantir o acesso ao diagnóstico precoce, estratégias e ferramentas para agilizar a organização do diagnóstico do câncer, a regulação ágil e efetiva, os desafios do acesso à biópsia ágil e de qualidade e a atuação dos centros diagnósticos.
Estiveram também presentes no evento pela instituição a controller Luciana Santos, o coordenador de Equipe Multiprofissional, Nivaldo Ferreira Júnior, a supervisora administrativa do setor de Radioterapia, Thaís Meneghin, a supervisora administrativa da Unidade Oncológica de Anápolis (UOA), Alessandra de Sousa Castro Prado, e a voluntária Helena Divina de Morais.



