O Hospital de Câncer Araújo Jorge suspendeu os atendimentos oncológicos de primeira consulta regulados pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. A medida, motivada por uma dívida de R$ 55.306.681,79 acumulada pela Prefeitura de Goiânia com a instituição, deve se estender até o dia 1º de janeiro de 2025, afetando cerca de 200 pessoas durante esse período. Os pacientes impactados devem procurar o Complexo Regulador da SMS para obter mais informações.
A decisão foi detalhada durante uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (17/12), na qual estiveram presentes o presidente da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), Alexandre Meneghini, o vice-presidente Paulo Moacir de Oliveira Campoli, o tesoureiro-geral da instituição, Elismauro Francisco Mendonça, o diretor-técnico do Hospital de Câncer Araújo Jorge, Carlos Henrique Ribeiro do Prado, e membros do Núcleo Gestor da ACCG.
Na ocasião, o presidente da ACCG explicou que a decisão foi tomada após esgotadas todas as tentativas de negociação. “Buscamos todos os caminhos possíveis para evitar essa medida. Quero acreditar que até o início do próximo ano possamos retomar os atendimentos normalmente e até ampliá-los com o tempo. Mas isso depende diretamente das ações e posicionamentos das autoridades responsáveis”, afirmou.
Alexandre Meneghini também garantiu que o atendimento aos pacientes que já estão em tratamento não será interrompido. Ele ressaltou ainda os desafios enfrentados pela instituição, que possui quase 70 anos de atuação reconhecida no atendimento oncológico em Goiás. “Atendemos pacientes de todos os municípios goianos e também de outros estados. Dependemos de equipamentos que funcionam das 6 às 2 da manhã. Precisamos renovar o nosso parque tecnológico, porque, se algum aparelho parar de funcionar, os pacientes podem ficar sem tratamento. Fazemos de tudo para manter os serviços operando”, reforçou.
O vice-presidente da ACCG, Paulo Moacir de Oliveira Campoli, alertou sobre o impacto da dívida na radioterapia, um dos pilares do tratamento oncológico, que está sob risco iminente. “Se um dos aparelhos colapsar na radioterapia, vários pacientes serão prejudicados. Isso depende de recursos financeiros que deveriam ser repassados para a ACCG, mas que estão parados na Prefeitura”, enfatizou. Segundo Campoli, os recursos possuem prazos definidos para serem repassados, mas isso não tem ocorrido. “Estamos enfrentando uma dificuldade financeira enorme”, completou.
Sem solução
Desde 2021, a ACCG tem buscado diálogo com a Secretaria Municipal de Saúde. Embora promessas tenham sido feitas, nenhuma solução foi concretizada. “Conversamos com o secretário de saúde, mas nada foi resolvido. Tentamos diálogo com o prefeito e com o governador. Pela linha de cuidado com o paciente, adaptamos processos internos na instituição. Espero que possamos obter ajuda em todos os níveis de governo. Confio no compromisso do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel, de regularizar os pagamentos do SUS e realizar gradativamente o pagamento dos valores acumulados durante a gestão de Rogério Cruz”, declarou o presidente Alexandre Meneghini.
Com o débito acumulado, o hospital enfrenta dificuldades para honrar compromissos essenciais, como o pagamento de fornecedores, a segunda parcela do 13º salário dos colaboradores e a aquisição de medicamentos. “Gastos com quimioterápicos chegam a quase R$ 4 milhões mensais. Para garantir esse valor, precisamos de contratos. Sem contratos, o custo aumenta. Gerir um hospital dessa magnitude de forma segura, eficiente e ágil é um grande desafio”, pontuou o presidente.
Para solucionar a crise, a ACCG reforça a necessidade de um repasse imediato dos recursos pendentes, garantindo a sustentabilidade financeira do hospital e a continuidade do diagnóstico e tratamento oncológico.